Especialistas querem legislação específica para proteger áreas úmidas do Brasil (Cesar Baima, O Globo, 25/10/2011)
RIO - Na Floresta Amazônica, extensas áreas passam boa parte do ano com o solo  coberto pelas águas das cheias do rios da região. No Pantanal, o cenário também  se repete sazonalmente. Mas, apesar dos importantes serviços ambientais,  econômicos e sociais que estas florestas alagadas e áreas úmidas prestam, o  Brasil não tem uma legislação específica para protegê-las e o texto do novo  Código Florestal em discussão no Congresso Nacional deixa a porta aberta para a  exploração delas de forma desenfreada, alertam especialistas.
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| Novo Código Florestal  ameaça abandonadar áreas úmidas do Brasil. Foto: Latinstock | 
Desde  1989, a Lei 7.803 define como áreas de preservação permanente faixas ao longo de  rios que variam de acordo com a largura dos cursos d'água. Para os rios mais  estreitos, com até 10 metros de largura, ela é de 30 metros a partir de seu  nível mais alto, isto é, de suas margens nas épocas de cheia, chegando a 500  metros de cada lado para os rios com largura superior a 600 metros. O novo  código, no entanto, não só reduz para 15 metros a área de proteção nos rios com  menos de cinco metros de largura, que compreendem mais de 50% dos cursos d'água  do país, como define que ela deve ser medida "desde a borda do leito menor" dos  rios, deixando aberta a interpretação de que ela deve ser contada a partir das  suas margens nos períodos de seca. [...]
Sobe  e desce de rios funciona como um coração
O sobe e desce das águas dos rios da Amazônia é semelhante ao pulso gerado  pela batidas do coração no corpo humano, levando vida para toda floresta,  compara Maria Teresa Fernandez Piedade, pesquisadora do Instituto Nacional de  Pesquisas da Amazônia (Inpa). De acordo com ela, só na região, 400 mil  quilômetros quadrados de selva estão diretamente associados aos grandes rios e  suas cheias. Essa área pode ser subdividida em dois grupos: as florestas de  várzea ao longo da calha dos rios Amazonas e Solimões, que recebem sedimentos  muito férteis dos Andes; e os chamados "igapós", banhados por rios de águas  pretas como o Rio Negro, vindos de formações geológicas mais antigas e por isso  menos férteis e com ocupação humana menor. [...]
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| Foto: Latinstock | 
No Pantanal, cursos rasos chegam a secar
[...] No  Pantanal, os rios são muito rasos e durante a fase seca alguns chegam a ter seu  fluxo interrompido - diz. - O antigo Código Florestal, por mais que seja omisso  sobre as áreas úmidas, ainda assim as protege. Com a nova lei, no entanto, pelo  menos 80% do Pantanal não vão ter mais qualquer tipo de proteção.  [...]
Esquecem  que as características de áreas inundáveis savânicas como o Pantanal diferem de  outros biomas - conta. - Essas áreas úmidas têm um papel significativo para o  meio ambiente, a começar da água. Elas atuam como filtros, retendo sedimentos, e  armazenam água para as épocas de seca e apara abastecer os lençóis freáticos.  Isso sem contar com a biodiversidade ímpar e específica destes ambientes, com  pássaros e outros animais aquáticos e também plantas especialmente adaptadas. [...] Leia a reportagem completa.
 
